Com envelhecimento da população, Brasil precisa aumentar produtividade para impulsionar economia, diz Banco Mundial

Banco Mundial divulgou um relatório nesta quarta-feira (7) no qual avaliou que, com o envelhecimento da população, o Brasil precisa aumentar a produtividade para impulsionar a economia.

A conclusão consta do relatório "Emprego e Crescimento - A agenda da produtividade", apresentado em um evento organizado pela Casa Civil.

"Isso [aumento da produtividade] não significa fazer as pessoas trabalharem mais horas, mas [sim] usar os recursos com mais eficiência", afirmou Mark Dutz, economista-chefe do Banco Mundial.

"O mais importante é usar de forma mais eficiente os recursos do Brasil", acrescentou.

Na avaliação do banco, isso passa por melhorar a qualidade da gestão, garantir a manutenção adequada de equipamentos e usar a tecnologia disponível.

Segundo o Banco Mundial, nos últimos 20 anos, o crescimento econômico do Brasil foi impulsionado, principalmente, pelo ingresso de mais trabalhadores no mercado - entre 1996 e 2014, o total de trabalhadores passou de 72 milhões para 106 milhões.

Mas, ainda de acordo com a instituição, a população está envelhecendo e, com isso, a proporção de pessoas em idade ativa está diminuindo. Por isso, diz o banco, o Brasil precisa de um novo "motor" para a economia.

 

Agenda de retomada econômica

Para o Brasil conseguir aumentar produtividade, o Banco Mundial defende uma agenda com quatro medidas:

  • Reforma tributária "ampla";
  • Melhoraria na coordenação e avaliação de políticas públicas;
  • Extinção de subsídios "ineficazes";
  • Promoção da abertura de mercado, permitindo maiores trocas comerciais com o exterior e entre empresários do próprio país.

"As restrições ao comércio internacional são particularmente grandes no Brasil. As barreiras à concorrência externa impedem que o Brasil aprenda dos melhores do mundo", diz Mark Dutz.

"As ineficiências do Brasil são tão grande e custam tão caro que os resultados das mudanças superariam em muito as perdas para determinados grupos", acrescentou o economista do Banco Mundial.

Entre os motivos apontados no estudo para o atual quadro de produtividade estão fatores como taxas de juros altas; sistema de impostos "complexo e oneroso"; baixa qualidade do sistema educacional; e infraestrutura inadequada.

De acordo com o relatório, nas últimas duas décadas, o investimento em infraestrutura no Brasil foi menor do que a taxa de depreciação natural, "reduzindo, portanto, o estoque de infraestrutura".

 

Ascensão social

Os economistas do Banco Mundial alegam que a abertura do mercado brasileiro terá efeito prático na vida da população. Isso porque, ao aumentar a concorrência e permitir a redução do preço de mercadorias consumidas pela população de mais baixa renda (como alimentos e vestuário), a redução de barreiras ao comércio poderá tirar quase 6 milhões de pessoas da pobreza, criando aproximadamente 400 mil empregos.

O cálculo é feito considerando a linha da pobreza equivalente a US$ 5,50 por dia, na paridade do poder de compra de 2011.

 

Produtividade agrícola

O relatório do Banco Mundial aponta, ainda, um contraponto ao atual cenário de produtividade no país: a inovação na agricultura.

"A título de ilustração, antes da década de 1970 o Brasil produzia quantidades insignificantes de soja; hoje, o país exporta oitenta vezes mais do que há quarenta anos, e é o maior exportador do mundo (os Estados Unidos permanecem como os maiores produtores)", diz o documento.

O texto atribui o crescimento da produtividade agrícola ao aumento do uso de insumos e adoção de novas tecnologias. Além disso, elogia políticas públicas para o setor focadas na pesquisa e na educação agrícola.

O Banco Mundial, entretanto, faz um alerta: afirma que as pastagens do país estão "cada vez mais degradadas" e com solos "esgotados pela monocultura".

"Com base em pesquisas agrícolas de ponta realizadas com recursos públicos, os produtores brasileiros desenvolveram tecnologias que, se amplamente implantadas, possibilitarão ao Brasil dobrar (no mínimo) a sua produção, sem a necessidade de reduzir ainda mais os recursos florestais brasileiros, de suma importância para todo o planeta", diz o texto.

 

Fonte: https://g1.globo.com/economia